A Descoberta...
Eu sou como uma das milhares que caem das nuvens, quando
esta não suporta o peso dentro dela.
Igual, mas tão diferente. Vivo entre muitos, mas vivo só.
Quando me dou conta sou levada entre as outras, não me
pergunte quem são, apenas me acompanham ou mesmo seguem seu caminho e por coincidência
são paralelos ao meu.
Sinto meu corpo fluido sendo levado, debato-me, mas é em
vão, nos obstáculos deixo um ouço de mim, ás vezes me sinto em pedaços.
Sigo minha jornada à lugar nenhum, às vezes me perco, em
outras aprendo. Aprendi que por mais que esteja em meio a uma multidão, sempre
serei eu que sofrerei por minhas escolhas; às vezes serão tomadas por certeza,
mas na grande maioria das vezes serão por conveniência ou comodismo e principalmente
por covardia. Mas essas decisões me seguirão durante toda a minha caminhada.
Vou em frente, encontro uma multidão que corre contra o
tempo e a velocidade é aumentada dia a dia; não há tempo para enxergar o que há
de mais bonito e se perde tempo tentando ganhar-se tempo.
O ritmo desacelera, mas não o suficiente para enxergar o
quanto é perda de tempo correr.
Sinto-me lançada em meio a uma grande porção de mim,
todos iguais, alguns se lançam contra, outros a favor e ajudam a seguir o
caminho e ainda há aqueles que se deixam levar.
Minha composição é a mesma, doce. Algumas mudanças
drásticas impostas pelo trajeto me tornam mais alcalina, tento manter o
equilíbrio, mas as barreiras me ferem.
Vou seguindo minha trajetória com ganhos e perdas, altos
e baixos, quando penso que consegui tudo e finalmente seguirei mais a frente;
eis que tudo muda, meu corpo não é mais tão fluido como era, encontro-me com
milhões, bilhões, trilhões de iguais a mim, mas estes compartilham comigo algo
mais saboroso, no entanto mais denso e pesado. Com este peso vem o entendimento
que tive muito tempo, mas não notei, e hoje o peso me torna mais lenta.
A luta travada entre mim e mim mesma é intensa, ninguém
quer desistir, a busca incessante de um ideal me fez perceber que no final não
há ideal, o ideal são os momentos que não percebemos; onde fomos descuidados e
negligentes, e é justamente ai, que nos enxergamos que corremos demais;
sofremos e queremos demais aquilo que não sabemos ao menos o que é.
De repente em meio a esse entrave, de uma verdadeira guerra
mortal abre-se um clarão, é hora de voltar. E sinto-me tragada para a imensidão
novamente, a mãe nuvem está novamente lá, de braços abertos para me receber.
Sinto meu corpo se descompactar, tornando- se gotículas
de vapor, leve novamente, rendo-me a sensação de liberdade e paz. Logo, me dou
conta que tudo irá começar novamente:
“A nuvem que chora; a chuva que corre; o rio que leva; o
mar que encharca e o calor que liberta”.
Assim é a vida um ciclo sem fim, onde cada um de nós
deve tentar observar quais são nossas etapas, aprendendo retirar de cada uma
delas o seu melhor, o seu norte e principalmente a felicidade.
Luciana Costa – 29/02/2012.
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