Não posso deixar
Shhh!
Shhh! Pow! Pow!
− Feliz ano novo!
− Feliz ano novo!
Todos se confraternizando, eis que
acaba de nascer um ano novo. Mas, para mim, apenas mais uma data sem
significância nenhuma.
Vestida de branco como manda a
tradição, pés descalços na areia e a água a banhar meus pés.
Estão todos distraídos, muitas mãos
para apertar, muitos abraços para compartilhar. Eu fujo das aglomerações.
A noite está fresca e o vento acaricia
meu rosto, brisa morna em meu corpo.
Sinto uma companhia distante, olho e
vejo um casal de namorados entrando no mar, discutindo se seriam seis ou sete
ondas que teriam que pular.
Continuo caminhando, olhando para a
lua. Seu brilho hoje particularmente está admirável. Abro os braços como se
fosse possível abraçá-la.
− Não
faça isso. Ou vão pensar que a lua esta se transfigurando em uma mulher.
− O
que você quer Caio?
− Você
minha doce Ana.
− Sabes
que nós acabamos... e não tem como reiniciarmos.
− Por
quê? Sabes como te amo. E sei que me amas também...
− Agora
não podemos... somos diferentes demais...
− As
diferenças são qualidades, imagine um mundo cheio de cópias?
− Seria
detestável, principalmente se fossem como você.
− Rsrsrs,
acredito que poderíamos dizer que seria... tolerável.
− Rsrsrs,
você não tem jeito!
− Tenho
sim, você.
−Sabes
que não é tão fácil...
− Trégua!
Ano novo!
− Sabes
que comigo isso não cola.
− Eu
sei, é por isso que eu te amo.
− Então
o que sugeres?
− Rsrsrs,
quer mesmo saber?
− Se
perguntei.
− Quero
fazer amor com você aqui.
− Rsrsrs,
nem pensar!
− Ok.
Você me perguntou e eu falei.
− Certo.
Vou voltar para a festa.
− Não!
Fique aqui comigo mais um pouco.
− Não
temos o que falar, acabou tudo...
− Sabes
que te amo, não consigo ir, eu ainda te amo demais.
− Eu
também não consigo te esquecer e também não quero que vás mas...
− Então?
Por que vamos ficar separados?
− Porque
sei que não fazemos bem um para o outro.
− Fazemos...
quer ver...
Ele começou ame beijar minha boca,
seus lábios eram quentes e úmidos como eu sempre lembrei. Suas mão começaram a
passear pelos meus cabelos e desceram pelas minhas costas. Meu fôlego se
acelerava a cada investida de sua língua na minha. Com cuidado e carinho ele me
deitou na areia e cobriu meu corpo com o dele.
A luz da lua refletia seus cabelos
louros, meus dedos se emaranhavam em seus cachos dourados.
E ali, totalmente vestidos, mas
completamente desnudos nos amamos. Abri meus olhos depois de uma explosão
orgásmica, olhei em seus olhos e o beijei. Ficamos deitados nos recuperando da
sessão de amor.
O som da festa havia diminuído sinais
claro que daqui a pouco era hora de retornar.
Passos na areia...
− Ana!
Longe olho e vejo Matheus, meu irmão.
− Oi!
Aqui! Estou aqui, ou melhor, estamos aqui! – sorri e abracei mais forte Caio,
ele em resposta me prendeu mais junto a ele.
Com cara de espanto Matheus me falou:
− Estamos?
Quem Ana? Você está só.
− Não!
Caio está aqui comigo. – soltei os braços de Caio.
− Ana,
por favor, pare com isso! Ele não está aqui com você! Ele não pode estar aqui!
− Não!
Ele está!
− Ana,
Caio morreu fazem 4 meses, ele não pode estar aqui.
Olhei para o lado e não vi mais nada,
ele tinha ido.
Abracei meu irmão e chorei: por ter
perdido o Caio, por ter sobrevivido àquele maldito dia e principalmente porque
sei que não posso deixar de amá-lo.
Luciana Costa – 21/11/2012.
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