quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A prova - Por Luciana Costa



  
 A prova

Não! Não! Por favor, não!
Eu não acredito!
Bela hora para furar o pneu!
Sai do carro, olhei em volta e fui para a traseira do carro. A luz forte de um farol cruzou meus olhos, deixando-me  por alguns instantes totalmente cega. Uma freada e o som de algo sendo arremessado para longe. Tudo foi em questão de segundos. Meus olhos recuperaram o foco e consegui enxergar de fato o que havia ocorrido.
O carro estava parado de forma irregular, o fedor de borracha queimada exalava no ar. Os sons tinham se extinguido, o que restou só foi a cena que mudaria toda minha vida.
Ao longe se avistava um corpo, caído em posição nada natural a um corpo humano.
Não me aproximei, olhei ao redor, ninguém! Eu era a única testemunha, olhei para a estrada e mais adiante se via uma luz, provavelmente lá poderia haver alguém que pudesse ajudar ou mesmo ligar por socorro, meu celular estava descarregado. Sai correndo tentando me acalmar falando para mim mesma que tudo iria dar certo e que eu lá também eu poderia encontrar alguém para me ajudar com meu carro.
Quando me dei por conta eu já estava na porta do estabelecimento, era um bar, clube noturno, não sei ao certo. Entrei, havia várias pessoas conversando, dançando e bebendo. Olhei para o rapaz do bar, tentei falar com ele, mas o som estava tão alto que ele não me ouviu.
De repente o som cessou um rapazote entrou no bar gritando.
− Vamos! Liguem para os bombeiros! Acabou de acontecer um acidente na estrada!
Um carro atropelou alguém!
Uma comoção tomou conta de todos, eram vários homens correndo para fora do bar, mulheres cochichando e saindo curiosas para ver o acontecido.
Um homem que estava no balcão perto de mim perguntou se era sobre isso que você estava tentando avisar. Eu confirmei e sai em direção da porta, ele me acompanhou dizendo que eu não parecia bem. Expliquei que havia sido testemunha do acidente, mas não podia explicar o que tinha acontecido devido o farol do carro ter me cegado temporariamente.
E fomos em direção do acidente.
Cada vez que chegava mais próximo de onde havia acontecido o acidente eu me sentia estranhamente mais fraca, com muita dificuldade conseguimos passar pelas pessoas. Queria ver quem tinha sido atropelada, talvez eu conhecesse, morava há muito tempo na cidade e esta era pequena.
Cheguei e me aproximei para ver o rosto da vítima que foi atropelada, ela estava coberta com um lençol. Meu Deus! O coitado morreu. Tanta vida! Agora tudo acabou. A morte é uma vilã muito má, acaba com tudo, nada mais a fazer. É o fim.
Os bombeiros e paramédicos que estavam trabalhando pareceram não se importar muito com minha presença.
Levantei o lençol e olhei, reconheci o rosto da pessoa no mesmo instante, eu não podia acreditar no que eu estava vendo! Era o rosto de uma mulher! Não! Não podia ser! Era simplesmente... o meu rosto! Era eu que estava morta ali no chão!
Senti o calor de uma mão em meu ombro, olhei para o dono dela e vi o homem que me acompanhou, com a voz entre cortada perguntei:
− Como... Como isso pode acontecer?
Um sorriso tranquilo cruzou o rosto do homem, estendendo as mãos para mim ele falou:
− Vem minha filha, seu tempo aqui acabou e eu vim te buscar!
− Como?
− Sim. Eu Sou! E vim por ti, vem!
            − Mas...
− Sim, você tinha que se ver morta, foi a forma que encontrei para te provar que a morte é apenas uma passagem, e ver que nunca te abandonaria. Jamais! Agora vem!
Coloquei minhas mãos na dele e fui.


Luciana Costa – 04/12/12.

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