domingo, 28 de outubro de 2012

Por Pablo Neruda





Plena mulher, maçã carnal, lua quente, 
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, 
que obscura claridade se abre entre tuas colunas? 
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?

Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, 
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.

Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, 
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, 
e o fogo genital transformado em delícia 
corre pelos tênues caminhos do sangue 
até precipitar-se como um cravo noturno, 
até ser e não ser senão na sombra de um raio.



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