Os 10 Pecados Mortais de uma
Narrativa
sobre Redação
por Equipe Aprovação Vest
aprovacaovest@algosobre.com.br
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Sempre
que acabamos de escrever um texto narrativo, lá vem a mesma pergunta nos
atormentando: será que ficou bom? Ao recebermos de volta nossa redação
corrigida, vemos que falhamos em alguns aspectos, que poderíamos evitar alguns
erros. Este artigo foi escrito pensando nisso: como evitar os
"pecados" mais frequentes da narrativa? Pois bem, vamos dividir os
tais "pecados" em dez tipos mais frequentes e tentar não cometê-los.
1. Uso e mau uso das palavras
Você sabe
muito bem que as palavras funcionam como matéria-prima para a construção de
qualquer texto. No entanto, elas também são como uma faca de dois gumes, fique
atento.
Um
defeito que um bom texto jamais deverá apresentar é a repetição de palavras sem
fins estilísticos. Claro que não estamos falando de repetições intencionais
como as anáforas, por exemplo, mas daquele tipo que desgasta a narrativa e
empobrece, inclusive, seus significados. Veja o exemplo:
"A
menina esteve sentada ali durante toda a tarde. Coitada da menina, não sabia
que a consulta duraria tanto e que sua mãe ficaria, então, preocupada. A menina
pediu para telefonar e falou com a mãe, explicando-lhe a demora."
Dica: procure
substituir os nomes por pronomes quando perceber que você repetiu muito a mesma
palavra.
2. Uso de clichês
Nada mais
devastador do que o clichê, entendendo-se como clichê as repetições de
expressões, ideias ou palavras que, pelo uso constante e popularizado, nada
mais significam.
Exclua de
sua redação narrativa as expressões:
"lindo
dia de sol", "abraço cheio de emoção", "beijo doce",
"ao pôr-do-sol", "faces rosadas", "inocente criança",
"Num belo domingo de Primavera...", "família unida",
"uma grande salva de palmas", "paixão intensa".
Estes são
apenas alguns exemplos, claro. E depende da sensibilidade de cada um para
captar os desgastes que as palavras e expressões possuem.
3. Falta de coerência interna
Outro
aspecto também muito desgastante: levando-se em conta que uma narrativa é uma
sucessão de acontecimentos que ocorrem em tempo e espaço determinados, que
envolvem ações feitas e recebidas pelas personagens, é interessante que jamais
percamos a coerência interna.
Precisamos
ter atenção na construção do texto narrativo, a fim de que ele, que é como se
fosse um tapete num tear, não perca suas qualidades de completude. Deixar pelo
caminho situações mal desenvolvidas, circunstâncias mal nomeadas ou
esclarecidas dão sempre a ideia de desatenção, pressa ou falta de cuidado com a
tessitura do texto. Ele deve sempre parecer um todo verossímil, capaz de
convencer quem o leia. Imitação da vida ou ultra-realidade, o texto não pode, a
não ser por escolha do autor, como estilo, parecer frágil em alguns aspectos,
sem resistência de continuidade.
Mesmo que
o tempo seja "cortado" e nele se insiram os flashback, não
permita que ele se fragmente e esses fragmentos esgarcem a compreensão do que você
imprimiu à sua história.
Dica: lembre-se
de que a narrativa é como uma vida, um trecho dela: há circunstâncias que, se
retiradas, fazem-na tornar-se = incompleta ou superficial.
4. Ausência de características
das personagens
Quando
construímos a personagem ou personagens, sabemos que elas devem parecer
verdadeiras, criaturas assemelhadas que são aos humanos. Mesmo numa fábula ou
num apólogo, em que animais ou coisas são personificados, há uma tendência de
caracterizá-las como criaturas do mundo real.
Uma
personagem, sobretudo a protagonista, deve ter traços fortes, típicos,
particulares. Se você criá-las sem características específicas, não há como
ressaltar- lhe os atos e tomá-los significativos na sequência da narração.
Dica: uma boa
personagem tem um cacoete qualquer; uma cor de olhos, tiques, manias, gestos
(passar a mão no cabelo, estalar os dedos ou balançar a cabeça de um lado para
o outro.)
5. Ausência de características
espaciais
Outro
problema que é muito complicado para quem escreve é a caracterização do espaço
onde ocorrem as ações. Muitas vezes, ele sequer existe, como no trecho abaixo:
"Enquanto
lá fora chovia intensamente, as crianças pulavam aos berros sobre o sofá da
sala."
Quando o
corretor lê isso, sem mais nenhuma indicação posterior, o que pode imaginar é
um sofá no meio do nada e três crianças pulando sobre ele... uma janela
dependurada e lá fora a chuva intensa...
Este
aspecto é tão importante que, frequentemente, revela estados de espírito,
características psicológicas e intelectuais das personagens.
Dica: não seja
excessivamente minucioso, aborde aspectos. Por exemplo: numa narrativa de
terror ou suspense, em que uma determinada cena vai se desenvolver no sótão ;
ou no porão, é imprescindível que você, em dado momento, indique - e descreva -
os caminhos que conduzem a tais lugares.
6. Uso reiterado de adjetivos
Imagine
se você lesse um início de narrativa assim:
"Numa
linda, perfeita, maravilhosa, fantástica e ensolarada manhã de primavera brasileira,
aquela extraordinária jovem de cabelos longos, negros e volumosos abriu a ampla
janela para o belíssimo e perfeito jardim..."
Diga a
verdade: você aguentaria ler o resto? É evidente que, ao descrever uma
personagem ou o ambiente em que ela se encontra, precisaremos da ajuda de
adjetivos; mas saiba priorizá-los no uso, evitando abundância desnecessária.
Uso
ampliado de adjetivos também desgasta (como no exemplo acima) o texto,
banaliza-o e nada acrescenta a ele senão um certo pernosticismo que todos
queremos evitar.
7. Escrita circular
Qual é o
tamanho correto que se deva dar a um texto narrativo no vestibular?
Rigorosamente, não há tamanho exato para nenhum tipo de texto, muito menos os
narrativos.
Mas
convém não ultrapassar 40 ou 50 linhas para que não incorramos num erro muito
significativo: escrever "circularmente", ou seja, repetir,
infinitamente repetir, ao redor do mesmo tema, a mesma história ou argumentos
como uma espécie de bêbado que fala sempre a mesma coisa.
Escrever
circularmente é como andar em círculos, sem que possamos sair do lugar,
investindo em algo que é importante para qualquer narrativa: as ações novas que
se encadeiam, a peripécia dos acontecimentos, a sequência que nos permita um
bom fecho.
Dica: antes de
começar a escrever, faça um breve roteiro (não é um resumo) sobre como quer que
a história se desenvolva. Ajuda muito e nos auxilia a não nos perdermos em
descaminhos.
8. Começo, meio e fim...
Um bom
texto narrativo deve seguir esta sequência: começo, meio e fim? Nem sempre.
Muita gente, quando escreve, imagina que, para ser compreendido, é preciso ser
didático. Errado, pecado mortal.
Não
acredite nisso. Uma outra pergunta que se faz muito ao intentar um texto
narrativo é se ele pode terminar em "aberto", ou seja, apenas com a
sugestão de fecho, aceitando a interferência, a interação com o leitor que
pode, de acordo com suas vivências e experiências, "fechá-lo" à sua
maneira. Isso é uma boa dica, acredite, para fazer melhor o seu texto.
Experimente,
por exemplo, começá-lo pelo clímax, assim você rompe o lugar comum e chama mais
a atenção do seu corretor, que tal?
9. Esquecendo uma personagem
Antes de
começar o seu texto, lembre-se de ler com atenção todas as recomendações do
enunciado e não se esquecer de qualquer recomendação. Sobretudo quando se trata
de criar um determinado tipo de personagem. Se o enunciado pedir a você que
crie um detetive, uma mulher que lê mãos, um homem misterioso de chapéu, tais
pedidos, certamente, fazem parte fundamental do que se pretende da narrativa.
Pior do
que isso é começar a narrar e, após citar uma personagem, esquecê-la, deixá-la
de lado, não trazê-la ao fio da história para que se desenvolva plenamente.
"Esquecer"
uma personagem é ato narrativo imperdoável.
10. Esquecendo uma ação
Por fim,
nada pior que esquecer uma ação exigida pelo enunciado.
Quando
ele pede um determinado componente acional,melhor prestar muita atenção e dar
um contorno de relevância a isso. Normalmente, o enunciado destaca o que pede
como imprescindível.
E antes
de passar a limpo a redação, vá ao rol de exigências e confira se cumpriu todos
os itens.
Há duas
coisas que dão nota zero na hora de elaborar o texto: fugir do modal, trocá-lo
(pede-se, por exemplo, uma narração e você faz uma dissertação..). A outra é
esquecer os itens do enunciado, descumpri-los ou relegar exigências
fundamentais a circunstâncias secundárias.
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