Figuras de sintaxe:
As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em
relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis
repetições ou omissões.
Elas podem ser construídas por:
a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
d) ruptura: anacoluto;
e) concordância ideológica: silepse.
Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:
Assíndeto:
Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por
conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das
pausas rítmicas (vírgulas).
Exemplo: "Não nos movemos, as
mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se,
fundindo-se." (Machado de Assis).
Elipse:
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos
identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes,
conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e
dinamismo.
Exemplo: "Veio sem pinturas,
em vestido leve, sandálias coloridas." (elipse do pronome ela (Ela
veio) e da preposição de (de sandálias...).
Zeugma:
Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando
subentendida sua repetição.
Exemplo: "Foi saqueada a vida,
e assassinados os partidários dos Felipes." (Zeugma do verbo: "e
foram assassinados...") (Camilo Castelo Branco).
Anáfora:
Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de
um período, frase ou verso.
Exemplo: "Depois o areal
extenso... / Depois o oceano de pó... / Depois no horizonte imenso /
Desertos... desertos só..." (Castro Alves).
Pleonasmo:
Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundância
de significado.
a) Pleonasmo literário:
É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto
de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso
estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.
Exemplo: "Iam vinte anos desde
aquele dia / Quando com os olhos eu quis ver de perto / Quando em visão com os
da saudade via." (Alberto de Oliveira).
"Morrerás morte vil
na mão de um forte." (Gonçalves Dias)
"Ó mar salgado,
quando do teu sal / São lágrimas de Portugal" (Fernando Pessoa).
b) Pleonasmo vicioso:
É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras
anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm
valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido
real das palavras.
Exemplos: subir para cima / entrar
para dentro / repetir de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de sangue /
monopólio exclusivo / breve alocução / principal protagonista.
Polissíndeto:
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção
coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção
e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.
Exemplo: "Vão chegando as
burguesinhas pobres, / e as criadas das burguesinhas ricas / e as mulheres do
povo, e as lavadeiras da redondeza." (Manuel Bandeira).
Anástrofe:
Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas
(determinante/determinado).
Exemplo: "Tão leve estou
(estou tão leve) que nem sombra tenho." (Mário Quintana).
Hipérbato:
Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase.
Exemplo: "Passeiam à tarde, as
belas na Avenida. " (As belas passeiam na Avenida à tarde.) (Carlos
Drummond de Andrade).
Sínquise:
Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da
frase. É um hipérbato exagerado.
Exemplo: "A grita se alevanta
ao Céu, da gente. " (A grita da gente se alevanta ao Céu ) (Camões).
Hipálage:
Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade
que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
Exemplo: "... as lojas
loquazes dos barbeiros." (as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de
Queiros).
Anacoluto:
Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se
inicia a frase, alterando-lhe a seqüência lógica. A construção do período deixa
um ou mais termos - que não apresentam função sintática definida - desprendidos
dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
Exemplo: "Essas empregadas de
hoje, não se pode confiar nelas." (Alcântara Machado).
Silepse:
Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com
a ideia a elas associada.
a) Silepse de gênero:
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou
masculino).
Exemplo: "Quando a gente é
novo, gosta de fazer bonito." (Guimarães Rosa).
b) Silepse de número:
Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou
plural).
Exemplo: Corria gente de todos
lados, e gritavam." (Mário Barreto).
c) Silepse de pessoa:
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal:
o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.
Exemplo: "Na noite seguinte
estávamos reunidas algumas pessoas." (Machado de Assis).
Texto disponível em: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/figuras-de-sintaxe
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