Dessa forma trago este post para dar uma maior amplitude aos nossos conhecimentos quanto aos níveis de linguagem.
NÍVEIS DE LINGUAGEM
A língua é um código de que se
serve o homem para elaborar mensagens, para se comunicar.
Existem basicamente duas
modalidades de língua, ou seja, duas línguas funcionais:
1) a língua funcional de
modalidade culta, língua culta ou língua-padrão, que compreende a língua
literária, tem por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Constitui, em suma, a língua
utilizada pelos veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio e
televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colaborando na
educação, e não justamente o contrário;
2) a língua funcional de
modalidade popular; língua popular ou língua cotidiana, que apresenta gradações
as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Norma culta:
A norma culta, forma linguística
que todo povo civilizado possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do ponto de vista
político-cultural, que é ensinada nas escolas e difundida nas gramáticas.
Sendo mais espontânea e criativa,
a língua popular se afigura mais expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa
de exemplificação:
Estou preocupado. (norma culta)
Tô preocupado. (língua popular)
Tô grilado. (gíria, limite da
língua popular)
Não basta conhecer apenas uma
modalidade de língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para viver; urge conhecer
a língua culta para conviver.
Podemos, agora, definir
gramática: é o estudo das normas da língua culta.
O conceito de erro em língua:
Em rigor, ninguém comete erro em
língua, exceto nos casos de ortografia. O que normalmente se comete são
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num momento íntimo do
discurso, diz: "Ninguém deixou ele falar", não comete propriamente
erro; na verdade, transgride a norma culta.
Um repórter, ao cometer uma
transgressão em sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a
um banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa praia, vestido de fraque
e cartola.
Releva considerar, assim, o
momento do discurso, que pode ser íntimo, neutro ou solene.
O momento íntimo é o das
liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre amigos, parentes,
namorados, etc., portanto, são consideradas perfeitamente normais construções
do tipo:
Eu não vi ela hoje.
Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou
assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou
perdoá-lo.
Nesse momento, a informalidade
prevalece sobre a norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
O momento neutro é o do uso da
língua-padrão, que é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se por
base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou seja, a norma culta. Assim,
aquelas mesmas construções se alteram:
Eu não a vi hoje.
Ninguém o deixou falar.
Deixe-me ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuses!
Não assisti ao filme nem vou
assistir a ele.
Sou seu pai, por isso vou
perdoar-lhe.
Considera-se momento neutro o
utilizado nos veículos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgressões da
norma culta na pena ou na boca de jornalistas, quando no exercício do trabalho,
que deve refletir serviço à causa do ensino, e não o contrário.
O momento solene, acessível a
poucos, é o da arte poética, caracterizado por construções de rara beleza.
Vale lembrar, finalmente, que a
língua é um costume. Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa de
sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o comete, passando, assim, a
constituir fato linguístico registro de linguagem definitivamente consagrado
pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical.
Exemplos:
Olha eu aqui! (Substituiu:
Olha-me aqui!)
Vamos nos reunir. (Substituiu:
Vamo-nos reunir.)
Não vamos nos dispersar.
(Substituiu: Não nos vamos dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
Tenho que sair daqui depressinha.
(Substituiu: Tenho de sair daqui bem depressa.)
O soldado está a postos.
(Substituiu: O soldado está no seu posto.)
Têxtil, que significa
rigorosamente que se pode tecer, em virtude do seu significado, não poderia ser
adjetivo associado a indústria, já que não existe indústria que se pode tecer.
Hoje, porém, temos não só como também o operário têxtil, em vez da indústria de
fibra têxtil e do operário da indústria de fibra têxtil.
As formas impeço, despeço e
desimpeço, dos verbos impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
exemplos também de transgressões ou "erros" que se tornaram fatos
linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu tais verbos como
derivados de pedir, que tem, início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou
para se arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de usar.
Em vista do exposto, será útil
eliminar do vocabulário escolar palavras como corrigir e correto, quando nos
referimos a frases. "Corrija estas frases" é uma expressão que deve
dar lugar a esta, por exemplo: "Converta estas frases da língua popular
para a língua culta".
Uma frase correta não é aquela
que se contrapõe a uma frase "errada"; é, na verdade, uma frase
elaborada conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta.
Língua escrita e língua falada.
Nível de linguagem:
A língua escrita, estática, mais
elaborada e menos econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada.
A acentuação (relevo de sílaba ou
sílabas), a entoação (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos
no decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, olhares, piscadas,
etc., fazem da língua falada a modalidade mais expressiva, mais criativa, mais
espontânea e natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e
a evoluções.
Nenhuma, porém, se sobrepõe a
outra em importância. Nas escolas principalmente, costuma se ensinar a língua
falada com base na língua escrita, considerada superior. Decorrem daí as
correções, as retificações, as emendas, a que os professores sempre estão
atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas
modalidades, mostrando as características e as vantagens de uma e outra, sem
deixar transparecer nenhum caráter de superioridade ou inferioridade, que em
verdade inexiste.
Isso não implica dizer que se
deve admitir tudo na língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de dialetos, conseqüência natural
do enorme distanciamento entre uma modalidade e outra.
A língua escrita é, foi e sempre
será mais bem-elaborada que a língua falada, porque é a modalidade que mantém a
unidade lingüística de um povo, além de ser a que faz o pensamento atravessar o
espaço e o tempo. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, se processam
lentamente e em número consideravelmente menor, quando cotejada com a
modalidade falada.
Importante é fazer o educando
perceber que o nível da linguagem, a norma lingüística, deve variar de acordo
com a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural
determina. O nível da linguagem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a
pronúncia e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não fala com uma
criança como se estivesse dizendo missa, assim como uma criança não fala como
um adulto. Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível de
fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum professor utiliza o
mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala de aula.
Existem, portanto, vários níveis
de linguagem e, entre esses níveis, se destacam em importância o culto e o
cotidiano, a que já fizemos referência.
A gíria:
Ao contrário do que muitos
pensam, a gíria não constitui um flagelo da linguagem. Quem, um dia, já não
usou bacana, dica, cara, chato, cuca, esculacho, estrilar?
O mal maior da gíria reside na
sua adoção como forma permanente de comunicação, desencadeando um processo não
só de esquecimento, como de desprezo do vocabulário oficial. Usada no momento
certo, porém, a gíria é um elemento de linguagem que denota expressividade e
revela grande criatividade, desde que, naturalmente, adequada à mensagem, ao
meio e ao receptor. Note, porém, que estamos falando em gíria, e não em calão.
Ainda que criativa e expressiva,
a gíria só é admitida na língua falada. A língua escrita não a tolera, a não
ser na reprodução da fala de determinado meio ou época, com a visível intenção
de documentar o fato, ou em casos especiais de comunicação entre amigos,
familiares, namorados, etc., caracterizada pela linguagem informal.
Texto disponível em: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/niveis-de-linguagem
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